Diante da crescente demanda por profissionais enfermeiros qualificados, e aptos para atuação em um sistema de saúde diverso e complexo, nos últimos anos tem crescido a procura por cursos de especialização.
Embora no Brasil existam diversas especializações para o enfermeiro, a maioria se concentra na abordagem teórica, com pouca prática. Considerando ser a enfermagem uma atividade essencialmente prática, as especializações na modalidade de residências em enfermagem, que preconizam o treinamento em serviço, tem se destacado.
O que são residências em enfermagem?
São cursos de pós-graduação (Lato sensu) que objetivam o treinamento em serviço, de forma a articular o conhecimento teórico e a ação de cuidado, qualificando profissionais a partir da realidade prática.
Nessa modalidade de especialização, então, há uma valorização do treinamento prático, no desenvolvimento da destreza e do cuidado seguro. Assim, o residente consegue vincular o que aprendeu durante a graduação com o que executa na prática, ampliando suas habilidades de forma ativa e crítica.
Uma peculiaridade dessa modalidade de especialização é a possibilidade de o enfermeiro especializar-se enquanto trabalha, e trabalhar produzindo conhecimento dentro daquela área na qual se especializa. Vale ressaltar que tal modalidade de especialização possibilita uma transição amena entre o mundo universitário e a realidade laboral, permitindo a aquisição de maior segurança profissional.
Onde estão as residências de enfermagem no Brasil?
Em uma busca pela literatura e em órgãos responsáveis pelas residências, como o Ministério da Educação (MEC) e Comissão Nacional de Residências em Enfermagem, não é possível saber exatamente o número e áreas de especialização desta modalidade. Mas, no intuito de apresentar as residências que estão difundidas por todo o país, elenquei uma pequena relação conforme algumas instituições de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro (vagas por ano):
Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo:
- Programa de Residência em Enfermagem Obstétrica (EEUSP/HU-USP) – 06 vagas
- Programa de Residência em Enfermagem na saúde do Adulto e do Idoso (EEUSP/HU-USP) – 06 vagas
- Programa de Residências em Enfermagem na Saúde da Criança e do Adolescente (EEUSP/HU-USP) – 04 vagas
- Programa de Residência em Enfermagem na Atenção Básica em Saúde da Família (EEUSP/PRO) – 06 vagas
- Programa de Residência em Enfermagem Cardiovascular (EEUSP/IDPC) – 12 vagas
- Programa de Residência em Enfermagem em Cardiopneumonia de Alta Complexidade (EEUSP/InCor) – 10 vagas
- Programa de Residência Multiprofissional em Álcool e outras Drogas (EEUSP/CAPSad/PROSAM) – 02 vagas
Hospital Sírio Libanês – São Paulo:
- Programa de Residência Multiprofissional em Cuidado ao Paciente Oncológico – 12 vagas
- Programa de Residência Multiprofissional em Cuidado ao Paciente Crítico – 12 vagas
Hospital Sofia Feldman – Minas Gerais:
- Residência Multiprofissional em Neonatologia – 9 vagas
- Programa de Residência em Enfermagem Obstétrica – 25 vagas
Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais:
- Residência Multiprofissional em Saúde do Idoso – 04 vagas
- Residência Multiprofissional em Saúde Cardiovascular – 04 vagas
Universidade Federal de Juiz de Fora – Minas Gerais:
- Residência Multiprofissional em Saúde da Família – 4 vagas
- Residência Multiprofissional em Saúde do Adulto – 1 vaga
- Residência Multiprofissional em Saúde do Adulto com ênfase em Doenças Crônicas Degenerativas – 2 vagas
- Residência Multiprofissional Integrada Multiprofissional em Atenção Hospitalar – 2 vagas
Instituto Nacional do Câncer – INCA – Rio de Janeiro:
- Residência Multiprofissional em Oncologia – 16 vagas
Hospital Pedro Ernesto – Rio de Janeiro:
Oferece 75 (setenta e cinco) vagas que serão distribuídas por 12 programas, a saber:
- Programa de Residência em Enfermagem em Clínica Médica;
- Programa de Residência em Enfermagem em Nefrologia;
- Programa de Residência em Enfermagem em Terapia Intensiva;
- Programa de Residência em Enfermagem em Cardiovascular;
- Programa de Residência em Enfermagem em Clínica Cirúrgica;
- Programa de Residência em Enfermagem em Centro Cirúrgico;
- Programa de Residência em Enfermagem em Obstétrica;
- Programa de Residência em Enfermagem em Pediatria;
- Programa de Residência em Enfermagem em Neonatologia;
- Programa de Residência em Enfermagem do Trabalho;
- Programa de Residência em Enfermagem em Psiquiatria e Saúde Mental;
- Programa de Residência em Enfermagem em Saúde do Adolescente.
Como é o trabalho do residente, quanto ganha?
Geralmente o residente deve se dedicar exclusivamente à especialização, sendo obrigatórias 60 horas semanais, distribuídas entre atividades teóricas e práticas.
Essas atividades são desenvolvidas ao longo de dois anos, totalizando ao final do curso 5.760 horas. As atividades teóricas e práticas dos residentes são estabelecidas por cada serviço. Contudo, é de praxe no primeiro ano realizarem atividades de pequena e de média complexidade.
Já no segundo ano, desenvolvem atividades de alta complexidade. Os residentes sempre são orientados e tem como referência os preceptores. Estes são profissionais com amplo preparo na especialidade e, em sua maioria, são enfermeiros vinculados ao hospital ou universidade em que o programa se insere. Apoio e suporte importante para os residentes do primeiro ano, chamados de R1, são também oferecidos pelos residentes que estão cursando o segundo ano, R2.
No que diz respeito ao salário, os residentes no Brasil, seja de enfermagem ou outra profissão, têm a base salarial estipulada pelo Ministério da Educação. Para o ano de 2015 o salário é de R$ 2.976,26 (dois mil, novecentos e setenta seis reais e vinte e seis centavos).
O título de um residente é o mesmo que o de um enfermeiro que faz especialização?
Teoricamente, sim. Contudo, para o mercado de trabalho e para vida profissional a residência tem um valor imensurável, já que o profissional não apenas recebe conteúdo teórico (como na especialização), mas envolve-se com e no serviço. Com a ampla carga horária de estudo e atividades práticas desenvolvidas durante dois anos, o enfermeiro estará melhor preparado para as atividades de gerenciamento, cuidado, pesquisa e ensino.
Conclusão
A Residência em Enfermagem, principalmente para enfermeiros recém-graduados, alavanca o crescimento profissional por meio do preparo técnico-científico em determinada área especializada, viabiliza a aquisição de segurança pessoal e profissional no desenvolvimento das atividades, desperta a capacidade de estabelecer prioridades nas situações clínicas e gerenciais, treina a habilidade para gestão de pessoas, possibilita o trabalho multiprofissional e o cuidado guiado pelas melhores evidências disponíveis.
Referências
Carbogim F, dos Santos K, da Silva Alves M, da Silva G. RESIDÊNCIA EM ENFERMAGEM: A EXPERIÊNCIA DE JUIZ DE FORA DO PONTO DE VISTA DOS RESIDENTES. (Portuguese). Revista De Atencao Primaria A Saude [serial online]. April 2010;13(2):245-249. Available from: Fonte Acadêmica, Ipswich, MA. Accessed June 11, 2015.
Drago LC, Salum RL, Andrade SR, Medeiros M, Marinho MM. A INSERÇÃO DO RESIDENTE EM ENFERMAGEM EM UMA UNIDADE DE INTERNAÇÃO CIRÚRGICA: PRÁTICAS E DESAFIOS. Cogitare Enferm. 2013 Jan/Mar; 18(1):95-101. [acesso em 11 jun. 2015]. Disponível aqui.
Ministério da Educação (BR). Portaria Interministerial n. 45, de 12 de janeiro de 2007: dispõe sobre a Residência Multiprofissional em Saúde e a Residência em Área Profissional da Saúde e institui a Comissão Nacional de Residência Multiprofissional em Saúde. [Internet] Brasília (DF), 2007. [acesso em 11 jun. 2015]. Disponível aqui.
Doutor em Enfermagem na Saúde do Adulto pela Escola de Enfermagem da USP. Mestre em Enfermagem pela Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Juiz de Fora (2012). Docente do Curso de Graduação em Enfermagem do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde/UFV. Graduado e Licenciado em Enfermagem pela Universidade Federal de Juiz de Fora (2004).