Olá pessoal!
A cada dia, infelizmente, mais e mais profissionais da saúde estão sendo afastados do trabalho por doenças.
A frequência com que isso tem acontecido é alarmante. E olha que muitos são jovens! Fico realmente assustada.
Os enfermeiros, técnicos e auxiliares estão suscetíveis a várias doenças, pela exposição a fatores de risco químicos, físicos e biológicos, durante a suas atividades no trabalho.
E mais: a insalubridade e a periculosidade estão sendo relegadas a segundo plano. Recebo incontáveis relatos de condições precárias de trabalho, oferecidas por muitas instituições, país afora.
Além das Lesões por Esforços Repetitivos (LER) e Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT) que comentei neste post aqui, outras doenças infecciosas (respiratórias, gástricas e oculares) ou não infecciosas têm aparecido no cotidiano dos enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem.
Algumas doenças
Veja algumas das doenças ou sinais que podem evoluir para quadros mais graves, levando o profissional ao afastamento:
- Enxaqueca – Cefaleia latejante de intensidade média a forte, náuseas e vômitos, edema palpebral, dor na região ocular (atrás dos olhos), embaçamento da visão, fotofobia (aversão a claridade) e hiperacusia (sensibilidade ao barulho), sensação de formigamento no couro cabeludo, tontura.
- Hipertensão arterial – Os sintomas ocorrem mediante a elevação da pressão arterial de forma abrupta como: cefaleia, cefaleia occipital (dor na nuca), tonturas, náuseas, sonolência, zumbido no ouvido, fraqueza, embaçamento da visão, epistaxe (sangramento nasal), dificuldade para respirar, entre outros.
- Doenças musculoesqueléticas – Dor localizada, irradiada ou generalizada, sensação de peso, paresia (diminuição de força), parestesia (formigamento), edema e enrijecimento articular. Atingem mais as seguintes regiões: ombros, joelhos, região cervical e lombar.
- Gastrite – Dor na região epigástrica (boca do estômago), queimação, sensação de plenitude após as refeições, pirose (azia), náuseas e vômitos.
- Varizes – Dor nos membros inferiores, sensação de queimação e peso, edema e prurido (coceira). Associadas ao prolongado tempo em pé ou na posição sentada.
- Estresse – Cansaço extremo, alterações do padrão de sono, insônia, cefaleia, agitação, pensamentos ansiosos, dificuldade de concentração, bruxismo (apertar ou ranger os dentes), entre outros. Atenção para o agravamento dos sintomas, pois o estresse pode transformar-se em Síndrome de Burnout, que já abordei neste post aqui, que além de requerer intervenção psicológica e terapia medicamentosa, é um dos maiores e mais graves motivos de afastamento do trabalho. Associado ao excesso de atividades intra e extra-hospitalares.
- Arritmias – palpitações ex: taquicardia, extrassístoles, fraqueza, tonturas, dispneia (falta de ar), desmaios, entre outros. Associadas ao estresse e ansiedade causados por intensas jornadas de trabalho e horas ininterruptas em estado de vigília.
- Perda auditiva relacionada ao trabalho (PAIR) – diminuição gradual da acuidade auditiva. Alterações dos limiares auditivos do tipo neurossensorial. Associada à exposição continua a níveis elevados de pressão sonora (ruídos).
Então, é necessário que as instituições prestem atenção à saúde dos profissionais desta área, e que os profissionais, por sua vez, se cuidem e se manifestem em relação às condições inadequadas de trabalho, como excesso de tarefas e quadro de pessoal insuficiente (veja neste post aqui como é importante conhecer o Dimensionamento de Pessoal de Enfermagem).
Lembre-se: antes de cuidar dos outros – e para fazê-lo com eficiência – temos que cuidar de nós mesmos!
Doutora em Ciências (EEUSP), pós-graduada em Administração Hospitalar (UNAERP) e Saúde do Adulto Institucionalizado (EEUSP), especialista em Terapia Intensiva (SOBETI) e em Gerenciamento em Enfermagem (SOBRAGEN). É professora titular da Universidade Paulista no Curso de Enfermagem, e professora do Programa de Especialização Lato-sensu em Enfermagem em Terapia Intensiva e Enfermagem do Trabalho na Universidade Paulista.