Acompanhando as apresentações dos Trabalhos de Conclusão de Curso de meus alunos, percebo a ansiedade e o medo (representado pelo frio na barriga ou pelas borboletas no estômago) dos acadêmicos de falar em público. E isso não é característica somente de estudantes, mas também de profissionais experientes.
Mesmo depois de treinar muito, a insegurança ainda está presente, e no momento da apresentação não conseguimos falar tudo o que tínhamos ensaiado várias vezes.
Senti muito isso, inclusive no começo da minha carreira como docente, e acredito que posso contribuir com algumas dicas para amenizar esse desconforto.
Sabe-se que dentre as qualificações profissionais exigidas, a capacidade de comunicar-se com eficácia (falar com segurança e naturalidade) representa uma das principais características valorizadas nas grandes instituições.
Nós, profissionais de saúde, temos que apresentar dados em reuniões, fazer palestras, participar de conferências, seminários, treinamentos e oficinas. E é extremamente difícil fazer essas coisas se temos medo de falar em público.
Então, seguem algumas dicas importantes:
1 – Não tente se acalmar – Pode parecer uma dica estranha, mas isso aumenta o índice de ansiedade. O que você pode fazer é suspender a cafeína (café, chá preto, refrigerantes, chocolate) no dia anterior a apresentação, pois ela determina uma reação de “alerta” no organismo, sendo mais difícil relaxar e dormir bem.
2 – Encare a apresentação como uma oportunidade de dividir um assunto com alguém – Isso retira a sensação de ameaça e ajuda a manter pensamentos positivos. Segundo o escritor Stephan Lucas, em A arte de falar em público, “Para cada pensamento negativo, é preciso criar cinco positivos”.
3 – Estude muito, muito mesmo – Quanto mais você souber a respeito da apresentação, mais seguro você ficará. Lembre-se que o conteúdo tem que estar bem organizado, com início, meio e fim.
4 – Ensaie em frente ao espelho, grave ou filme a sua atuação usando seu celular – Repare nos gestos que faz, pois eles têm que estar em harmonia com a apresentação. Tanto a falta de gestos quanto o excesso são prejudiciais.
5 – Pratique fazendo a apresentação para algumas pessoas – Isso lhe deixará mais empolgado e você perceberá expressões que lhe ajudarão a fazer as correções necessárias. Além disso o fato de falar em voz alta, ajuda a melhorar a dicção e a pronúncia e a respirar melhor.
6 – Não decore o texto – Caso haja o esquecimento de uma palavra de ligação, a fluência é travada e você, desestabilizado, não será capaz de improvisar. Memorize a linha de raciocínio e os dados mais relevantes. Isso é o mais importante.
7 – Prepare-se para possíveis esquecimentos – Se ocorrerem, não se desespere. Repita a última frase, para dar tempo de você unir uma nova ideia ou redirecionar a mensagem que estava passando.
8 – Faça uma apresentação digital sucinta (Power Point, Prezi, ou outra ferramenta) – Ela vai nortear a sua apresentação e lhe deixar mais seguro.
9 – Quanto menos slides ou telas, melhor – É um desafio, mas uma apresentação cativante e de sucesso, geralmente, tem poucas telas, e os dados são muito bem organizados, com destaque para os mais importantes.
10 – Chegue mais cedo e confira o local e os recursos disponíveis – Avalie o local onde irá se apresentar e veja se os recursos audiovisuais funcionam perfeitamente. Isso vai lhe poupar de muito estresse.
11 – Respire com calma, devagar – A ansiedade altera o padrão respiratório e pode acarretar desequilíbrios importantes. Portanto, inspire e expire pausadamente.
12 – Não se precipite – Você precisa ganhar tempo para baixar a adrenalina. Arrume o microfone, organize as anotações e inicie a apresentação falando devagar para não demonstrar instabilidade.
13 – Olhe para a plateia – utilize a comunicação visual para observar o comportamento dos ouvintes e desarmar a rigidez da postura.
14 – Lembre-se que você é o detentor do conhecimento – Você estudou e sabe sobre o assunto. Isso faz com que você fique mais confiante.
15 – Evite a monotonia – A entonação é fundamental para motivar o ouvinte. Use um volume de voz suficiente para que todos possam ouvir a sua mensagem.
Doutora em Ciências (EEUSP), pós-graduada em Administração Hospitalar (UNAERP) e Saúde do Adulto Institucionalizado (EEUSP), especialista em Terapia Intensiva (SOBETI) e em Gerenciamento em Enfermagem (SOBRAGEN). É professora titular da Universidade Paulista no Curso de Enfermagem, e professora do Programa de Especialização Lato-sensu em Enfermagem em Terapia Intensiva e Enfermagem do Trabalho na Universidade Paulista.